Nesta Sexta-feira da Paixão compartilho esse texto do Caio Fábio sobre Jesus "O Evangelho", extraído do site:
==============================================================
Foi
porque os "cristãos” não entenderam que o Evangelho é Jesus que,
separadamente de Jesus, criaram uma outra coisa que deveria ser vista
por todos como “o Evangelho”.
Assim,
Jesus seria o Cordeiro da Cruz e da Ressurreição, mas, à parte dEle,
deveria surgir uma “doutrina de salvação” conforme o conceito de
“doutrina” dos homens — tendo nos gregos os artífices filosóficos e
metodológicos desse “ídolo de pensamentos” patrocinado pelo Império
Romano.
Ora,
o Evangelho que se vê anunciado por Paulo, por exemplo, não é uma
“doutrina” conforme o termo se faz entender por nós, mas apenas uma
explanação dos significados salvíficos do que Jesus fez; e, além disso,
uma aplicação de natureza individual, existencial e também comunitária
do significado de se ter crido e aprendido em e de Jesus.
Entretanto,
tal explanação não obedece a lógicas humanas nem se reveste de nada que
se assemelhe a um “sistema”, posto que, para Paulo, não havia nada a
ser sistematizado no Evangelho, mas apenas crido. E o fato de o apóstolo
não ficar citando palavras de Jesus, conforme ditas e registradas nos 4
evangelhos (que já existiam como informação oral) apenas prova que até
mesmo o que Jesus disse não era material para ser “decorado”; antes, era
algo para ser entendido como espírito e como consciência aplicada à
vida.
Foi
a esquizofrenia produzida entre Jesus-Evangelho, de um lado, e, de
outro, um corpo de doutrinas chamada de Evangelho (o qual é feito da
sistematização de tudo o que na Bíblia se pode usar para fundamentar um
pressuposto “lógico” acerca de um “plano da salvação”) justamente aquilo
que tornou Jesus tão diferente daquilo que a “igreja” chama de
“Evangelho” e, ao mesmo tempo, tornou a “igreja” tão díspar em relação à
Pessoa de Jesus.
Muita
gente diz “o evangelho está crescendo...” ou “o evangelho está
enfrentando resistências...” ou, ainda, “o evangelho progrediu muito...”
— sempre em referência ao crescimento de adesões religiosas à “igreja”,
mas quase nunca pensando que o Evangelho só cresce para dentro do ser; e
qualquer coisa que carregue o seu nome do lado de fora tem que ser um
mero reflexo do que ele gerou no coração.
Todavia,
para a “igreja”, Jesus salva, mas o que o salvo se torna não tem nada a
ver com Ele! Aliás, se ficar parecido com Ele, não serve para a
“igreja”. Pois nada incomoda mais a “igreja” do que alguém que busque
ser, radicalmente, como Jesus.
Andar
como Ele andou, para a “igreja”, significa outra coisa. De fato
significa comportar-se como a “igreja” determina, mesmo que isso venha a
ser equivalente a negar o modo como Jesus se mostrou a todos os seres
humanos conforme o registro dos quatro evangelhos.
Na verdade, Jesus é o Evangelho, pois é somente nEle e na fé que converge de modo exclusivo para Ele que surge o entendimento do Evangelho.
O
Evangelho é Jesus, em todas as Suas histórias, ações, visões, ensinos,
interpretações da realidade e, sobretudo, Sua entrega voluntária, como
Cordeiro; e, para além disso, Sua Ressurreição!
Para
se entender o Evangelho tem-se que olhar a vida com o mesmo tipo e
qualidade de amor que Jesus demonstrou em Sua existência no tempo e no
espaço, ou seja: na Sua Encarnação.
O
Evangelho só cresce em nós quando a consciência de Jesus se torna
crescente em nós. Isto é ter a mente de Cristo, segundo Paulo. Portanto,
isto é Evangelho.
O Evangelho é o entendimento segundo Jesus que se torna vida e alegria para quem crê.
Sem tal olhar e sem tal sentir e pensar, conforme Jesus, não há nada que seja Evangelho. Sim, sem isto podemos ter quatro evangelhos, mas não temos ainda O Evangelho.
Isto
porque O Evangelho não existe nos quatro evangelhos. Neles temos
registros verdadeiros de quem é Jesus e de tudo o que, sendo essencial,
Ele fez e ensinou. Sim, não há nada além de letras nos registros dos
evangelhos, até nos mais originais de todos eles, posto que o Evangelho não é uma informação, mas sempre uma encarnação da Palavra.
Por
essa razão, do ponto de vista de Jesus, conforme os evangelhos, o
Evangelho tinha a ver com gestos. Afinal, uma mulher o unge com óleo e
Ele diz que aquilo era Evangelho.
Na Bíblia há quatro evangelhos, mas nenhum deles é Evangelho enquanto não é crido e praticado!
Quando
Paulo diz que o Evangelho é poder de Deus para a salvação de todo
aquele que crê, ele não se refere a nenhuma sorte de adesão à “religião
da salvação”, mas exclusivamente a ter crido e obtido, pela fé, o
entendimento para provar a salvação como benefício espiritual já na
Terra.
Afinal,
Evangelho é Boa Nova. E que Boa Nova há em quatro evangelhos que não se
tornam Evangelho (produtor de vida e paz) na vida dos papagaios que o
decoram?
Há
papagaios capazes de desenvolver inteligência de resolução de problemas
de uma criança normal de seis anos. E com a memória que esses pássaros
possuem, se ensinados, decorariam os evangelhos como uma criança é capaz
de fazer quando treinada. Neles, porém, não haveria nenhum Evangelho.
Evangelho
é vir e aprender com Aquele que é manso e humilde de coração, achar
descanso para a alma nEle e trocar a canga da angústia pelo peso-leve de
Seu fardo de alegrias.
Evangelho é achar o tesouro que nos evangelhos é uma parábola!
Evangelho é a chance de nascer de novo e de ter no coração o reino de Deus!
Evangelho
é certeza de perdão, mas que traz consigo o compromisso com o perdão ao
próximo; o que, no Evangelho, não é um sacrifício, mas algo agradável
como um grande privilégio!
Evangelho é ser forte contra a mentira e doce ante qualquer que seja a confissão de verdade!
Evangelho é a alegria de dar a vida pelos amigos e até pelos inimigos!
Evangelho é, portanto, andar como Ele andou; e isto para total benefício de quem O segue em fé!
Evangelho é assim... igualzinho a Jesus!
E
para eu dizer o que é Evangelho, com minhas imensas limitações, teria
que escrever tudo o que vejo, sinto, percebo e recebo de Jesus todos os
dias; além de tudo o que de Sua Graça vejo nos evangelhos e enxergo como
Evangelho de salvação, na minha vida, e na de todo aquele que crê e
busca andar conforme a Sua mente.
Assim,
ao invés de buscar decorar os evangelhos, busque entender o espírito
deles, pois Jesus disse: “As minhas palavras são espírito e são vida”.
Enquanto
o Evangelho não se torna um entendimento em fé que nos concede cada vez
mais ver, sentir, e decidir conforme Jesus, nenhum benefício do
Evangelho chegou até nós.
O
Evangelho é Caminho, Verdade e Vida — e Caminho, Verdade e Vida só
estão em Jesus. Portanto, o Evangelho é Jesus e Jesus é o Evangelho; e
tudo o que não for assim e conforme o espírito de Cristo pode até ganhar
o apelido de “evangelho”, mas não é Evangelho.
Ora,
é apenas por crer que os 4 evangelhos só se tornam Evangelho se cridos e
praticados como entendimento e consciência; e também é somente por ter o
testemunho de toda a História da Igreja quanto ao fato de que sem
Bíblias o povo fica nas trevas, mas também que com Bíblias, porém sem
ter Jesus como a “chave hermenêutica” da leitura, o povo fica
“evangélico” — que ouso dizer que nem mesmo a Bíblia ajuda se a pessoa
não tiver entendido que Jesus é o Evangelho; e que até da Bíblia muitas
coisas deixam de ser Evangelho pelo simples fato de não terem sido
encarnadas por Jesus como vida.
O
local físico onde posso ler os 4 evangelhos é a Bíblia. Porém se na
leitura eu não olhar tudo a partir da certeza de que Jesus é o
Evangelho, a Bíblia servirá apenas para dividir e dividir as pessoas em
nome de Deus, porém sem Deus em nenhuma das divisões, todas feitas em
nome de verdades de fariseus; as quais, para Jesus, ainda quando eram
verdadeiras, se tornavam mentira, posto que não eram praticadas pela via
do amor que fez Deus se encarnar em Jesus.
Nele, que é o Evangelho,
Caio