sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

De pai para filho


 Gonzagão e Gonzaguinha estilos diferentes
e a mesma irreverência e genialidade.

Nestes dias assistir um filme o qual gostei por demais: Gonzaga de pai para filho de Breno Silveira. O diretor foi fabuloso mas a história por si só é marcante, nas palavravas da Isabela Boscov, uma saga épica daquelas que só a vida rela pode produzir.

Entre tantas coisas que poderia mencionar quero fala de duas que me marcaram muito:

1º) Sobre a força que um pai possui de influenciar a vida de um filho por toda sua vida, que seja por sua forte presença, que seja por sua famigerada ausência. Na vida de Gonzagão vemos as duas faces desse poder.

Primeiro na forte influência de seu pai Januário, com quem aprendeu a tocar os oito foles e de quem guardou fortes ensinamento para toda vida. Uma admiração que ficou eternizada na da música "Respeita Januário" . 


Luiz Gonzaga tocando ao lado de seu pai Januário no auditório da Ceará Rádio Clube
 aqui em Fortaleza em 10 de maio de 1955.

A segunda e triste com seu filho Gonzaguinha, de quem se manteve ausente por quase toda vida  causado prejuízos enormes e grandes conflitos na vida do rapaz, que acabou sendo rotulado com rebelde, mas que no fundo só desejava se relacionar e ser compreendido pelo pai, como ele mesmo descreve na música Sangrando, que posto abaixo.

Sangrando, de Gonzaguinha.

Mas nem tudo nesta história foi triste, nos seus últimos anos de vida o amor pulsante  e, pungente de pai e filho encontrou o caminho do perdão e da reconciliação em um final dígino da bela musicalidade e do espírito irreverente e cativante que ambos mantinham e que apesar da diferença de estilos eram provenientes de uma mesma fonte comum. 


Gonzagão e  Gonzaguinha cantam "A vida do viajante".


Isso me lembra do salmo do velho Davi que diz: 

“Como flechas na mão dum homem valente, assim são os filhos em sua juventude.”
 (Salmos 127:4)

Assim como o valentes que despejam sua força na flecha para ver o resultado de seu ato no horizonte distante,  os pais deixam marcas em seus filhos que eles levarão consigo mesmo quando estiverem na iminência da idade adulta e seguirem seu caminho distantes da casa paterna. Desta forma até mesmo após sua morte a influência de um pai pode gerar frutos na vida de um filho.


2º)  Está mais próximo do sucesso aquele que respeita sua essência e se entrega com zelo à suas paixões. 

Luiz, coitado! Nasceu em Exú, onde o Pernambuco faz fronteira com o Cariri, após servir o Exército por 10 anos em Fortaleza, estava então quase passando fome na Cidade maravilhosa tocando tango argentino e valsas sem graça, quando uma turma de cearenses do Crato, perguntaram de onde ele era e pediram que ele tocasse uma coisinha aqui do Norte.

Diante do pedido o tocador se repensou, fez aquilo que os administrados chamariam de um reengenharia e os filósofos chamaria de resignificação, e ele chamou apenas de Negocim lá do Norte. Gonzaga voltou-se para aquilo que nele estava posto como essência, misturou com sua novas experiências e buscou ajuda com a poesia e junto com Humberto Teixeira reinventou o Baião.

ritmo reformulado possui a genialidade do improviso do nordestino e um pouco da influência das métricas dos ritmos clássicos e tornou seus inventores uma lenda no imaginário nordestino e uma influência para uma nova geração para músicos de cabeça chata.

Humberto Teixeira e Gonzaga, lendas do 
imaginário nordestino.

Especial centenário de Gonzagão, Fantástico 2012

Gonzagão e Fagner, um dos meus discos favoritos.

Gonzaga no começo de carreira.

Fortaleza-CE
07/12/2012.

A duas semanas do nascimento de Júlia, neste caso de pai para filha.

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